A retórica dos genocídios e dos crimes de guerra
Já era assim, mas após o 07 de Outubro de 2023 a retórica antissemita escalou o uso de novilíngua com adjectivos tremendos, bordões de linguagem e vociferação repetida de flagrantes mentiras. Os “genocídios”, os “crimes de guerra”, os “ataques desproporcionados” e os “milhares de mortos, a maioria mulheres e crianças”, são slogans usados como biombos atrás dos quais o antissemitismo se expressa sem pudor.
Comecemos pelo “genocídio”.
O crime de genocídio está tipificado na Convenção sobre Prevenção e Punição do Crime de Genocídio. O Artº II especifica-o como um conjunto de actos praticados com a intenção de destruir um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Esses actos incluem matar, causar sérios danos físicos ou mentais, transferência forçada de crianças e outros.
São actos comuns a todas as guerras, e por si sós não constituem genocídio. As guerras também não são ilegítimas por definição, embora o Papa Francisco, nos seus cada vez mais frequentes esforços de sinalização de virtude, pareça pensar o contrário, ignorando inclusivamente o conceito cristão de “guerra justa”, teorizado por Santo Agostinho e S.Tomás de Aquino, entre outros (guerra justa seria uma guerra que se acolhia ao direito natural, decidida pela autoridade certa, com justa intenção, declarada, proporcional, usada como último recurso e com boas probabilidades de sucesso). O direito natural autoriza o uso da força em legítima defesa num mundo que continua a ser hobbesiano, e o artigo 51 da Carta das Nações Unida acolhe estas ideias com toda a clareza.
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O que pode qualificar certos actos como crime de genocídio é a intenção de quem os pratica. Sem intenção, não há crime.
No caso em apreço, apesar de a Sra. Catarina Martins bolçar convulsamente o sound bite do “genocídio” cada vez que lhe metem um microfone à frente, a resposta militar israelita aos ataques vindos de Gaza, Líbano, Irão, Síria, Iraque e Iémen, não é genocídio, apesar de morrerem pessoas e haver destruição. Trata-se tão só de legítima defesa.
A intenção, explícita e implícita, das acções militares é apenas alcançar um status quo que evite novos ataques. É notório e público que Israel toma sistematicamente medidas extraordinárias e inéditas para minimizar as baixas civis, muitas vezes em prejuízo da maior eficácia militar permitida pela surpresa. Usa panfletos, telefonemas, mensagens e outros meios para avisar de ataques pendentes, coisa que mais nenhum exército fez com esta escala, em qualquer guerra. A verdade é que Israel, apesar de enfrentar guerras existenciais contra inimigos sem quaisquer escrúpulos éticos e morais é, de longe, o país com o melhor registo histórico no respeito do jus in belo.
O facto de morrerem civis resulta da natureza urbana do conflito e principalmente do facto de os grupos jihadistas usarem intencionalmente a “coisa” civil, para se protegerem e atacarem.
Há dias o jihadista do Hamas, Anas Muhammad Faiz al-Sharif, capturado com mais 240 operacionais no Hospital Kamal Adwan, explicava que este era usado intensivamente para abrigo e planeamento de operações, porque se considerava estar a salvo de ataques israelitas. Na inversa, os ataques do Hamas, do Irão e dos seus proxies são claros actos de genocídio, porque têm como objectivo mil vezes declarado a destruição dos judeus.
Por exemplo:
Carta do Hamas: “Israel existe até o Islão o obliterar”. “O Dia do Juízo não acontecerá até que os muçulmanos lutem contra os judeus matando-os. Quando o judeu se esconder atrás de pedras e árvores estas dirão: Oh muçulmanos há um judeu atrás de mim, venham e matem-no” (tradução livre).
Aiatolah Khomeini: Israel é “um tumor canceroso e a sua imediata erradicação é obrigatória para todos os muçulmanos”
Lema dos Houthis: “Alá é o maior, morte à América, morte a Israel, malditos sejam os judeus, vitória ao Islão.”
É pois evidente que quando a Sra. Catarina Martins ou os bandos ignaros que se passeiam pelos campus universitários de keffyeh ao pescoço, berram a palavra “genocídio”, ou estão a expor a espessa ignorância que lhes preenche o espaço sob as meninges, ou não conseguem conter o ódio antissemita que os consome.
Quanto à........© Observador
