As eleições europeias

Agora que o choque das legislativas passou e temos o governo formado, é hora de deixar Luís Montenegro e a sua equipa trabalharem. Muito em breve começaremos a ter a oportunidade de perceber até que ponto estão reunidas as condições para as reformas necessárias ao país. Creio que, infelizmente, não há condições políticas, económicas e sociais para fazer o que precisa de ser feito, acima de tudo porque, há décadas, foi criada a ilusão de que a mudança pode chegar sem criar uma clivagem entre ganhadores e perdedores. Por definição, a mudança de organização social e política, com reformas político-económicas, cria uma nova relação de forças. A longo prazo é possível – e até provável — que o bem-estar colectivo aumente. No curto prazo, contudo, o mais provável é termos perdedores. Numa sociedade democrática e com um estado social forte, os perdedores devem ser devidamente amparados. Infelizmente, na minha óptica, nada disto vai acontecer. Espero, naturalmente, estar enganado e, caso esteja, aqui o escreverei no devido momento.

Enquanto aguardamos pelos primeiros sinais políticos e económicos do governo, é altura de começar a discutir a Europa. Em cada ciclo eleitoral europeu é costume dizer-se que desta vez é mesmo importante. De vez em quando, o aviso é mesmo real. Em 2024 as eleições europeias são mesmo decisivas a nível continental. Em Portugal, estivemos de tal modo abstraídos com o longo processo eleitoral que se arrastou desde Novembro do ano passado que quase nos esquecemos que precisamente dentro de três meses estaremos já no........

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