O Quarto Poder
Houve um tempo, a comunicação social era considerada um quarto poder. Queria com isto dizer-se, no âmbito de uma democracia e face ao conceito de separação de poderes, que o poder da comunicação social era importante e tinha um valor próprio e autónomo, face aos poderes executivo, legislativo e judicial. Esta autonomia da comunicação social fazia dela uma espécie de contrapeso autorizado, informando, dizendo os não ditos, desocultando o que se queria esconder, denunciando, criticando, defendendo causas. Esta nobre missão enriquecia a democracia, tornava-a melhor. Uma missão praticada através das diferentes categorias de trabalho jornalístico, nomeadamente, a notícia, a reportagem, a entrevista, a crónica. A comunicação social afirmava-se como um poder independente, livre. Estes atributos estavam ligados a um forte quadro de valores editoriais, à existência de autonomia financeira e de regras que protegiam a liberdade de imprensa.
Este quadro exigia, naturalmente, bons profissionais, qualificados e bem remunerados, com capacidade e poder de equidistância de poderes políticos e económicos e impermeáveis a amiguismos e agendas de grupos.
Uma comunicação social assim, no período pré-internet, era muito valorizada pela população, que lhe reconhecia um valor de verdade, procurando, através dela, ter uma visão atualizada sobre os acontecimentos e a sociedade. Depois, no dealbar da internet, as notícias online eram consideradas como verdade pura e dura. Com o avançar das redes sociais, a ideia de verdade diluiu-se e hoje, não só se suspeita da veracidade de tudo, como se acredita em........
© Observador
