Milagres à venda: a fantasia macroeconómica da AD
Num ano eleitoral, os partidos do arco da governação têm a responsabilidade adicional de apresentarem aos portugueses um programa eleitoral exequível, acompanhado de um cenário macroeconómico rigoroso que dê alguma previsibilidade ao país, e que permita acautelar as várias medidas que estes partidos querem ver implementadas. Este cenário deve ser, a bem da economia do país e do sentido de responsabilidade dos partidos, o mais realista possível e desejável. Acontece que, na tentativa de ganhar eleições, é muito fácil empolar estes números para acautelar todas as medidas eleitorais prometidas e, daí, retirar dividendos políticos.
Analisando o cenário macroeconómico do programa da Aliança Democrática (AD), é fácil constatar que este é completamente irrealista. Nas recentes projeções atualizadas do FMI, prevê-se que o PIB português cresça 2,0%, em 2025, e 1,7%, em 2026, mantendo o ritmo de crescimento constante nos anos subsequentes. Estas projeções tiveram de ser atualizadas devido ao enorme aumento da incerteza relacionada com as tensões geopolíticas e a guerra comercial. Também o Banco de Portugal reviu o crescimento económico, prevendo uma crescida de 2,3% em 2025, 2,1% em 2026 e 1,7% em 2027; já o Conselho de Finanças Públicas prevê 2,2%, 2,0% e 1,6%, respetivamente.
Contrastando (e muito) com este cenário macroeconómico mais ponderado, a AD prevê um crescimento irrealista e desfasado com a realidade económica e financeira mundial, parecendo mais uma miragem eleitoral do que um plano de governação. Contra tudo e contra todas........
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