menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

Quem cala consente

8 1
15.11.2025

Celebrou-se há dias o cinquentenário da independência de Angola e, nesse contexto, o presidente angolano fez um discurso que foi transmitido pela televisão. Na parte inicial desse discurso, aos 3 minutos e 23 segundos, João Lourenço disse o seguinte: “Mal tínhamos acabado de vencer o colonialismo português, que nos oprimiu e escravizou durante séculos, tivemos de imediato de enfrentar o regime retrógrado do apartheid (…)”. Adiante, aos 20 minutos, já na parte final do seu discurso, voltou ao assunto para dizer que “são passados 50 anos desde que, como resultado da nossa luta, deixámos para trás 500 anos de colonização, escravatura e humilhação”.

Marcelo Rebelo de Sousa estava sentado em lugar de honra, logo atrás do presidente de Angola, que discursava. As câmeras da televisão não apanharam a sua reacção a essas palavras. Não podemos avaliar, pela expressão corporal, se ficou incomodado ou confortável com aquilo que o seu homólogo angolano afirmou, mas sabemos, isso sim, que não viu necessidade de se pronunciar sobre o assunto, algo que indignou André Ventura. O líder do Chega esperava que o presidente português se tivesse levantado, que virasse as costas ao seu homólogo angolano e que recusasse abraçá-lo. Ventura considerou que a inacção e condescendência de Marcelo nos vexou “a nós todos, humilhando o país”. Deu, por isso, “indicações à liderança da (sua) bancada parlamentar para avançar rapidamente com um voto de condenação, não só às palavras do Presidente da República de Angola, como ao acto objetivo de humilhação, de complacência e de cumplicidade que o........

© Observador