Na sequência dos resultados eleitorais, e ao mesmo tempo que o Chega explodia numa precipitada euforia, a esquerda começava a cavar trincheiras e a encher o solo de minas e armadilhas. É verdade — e isso deve ser fortemente sublinhado — que os dirigentes do PS assumiram a sua derrota tangencial com toda a dignidade, com total clareza e sem quaisquer desculpas ou subterfúgios. Mas à sua esquerda, os outros partidos dessa área do espectro político entraram de imediato em agitação e começaram a ensaiar várias ginásticas para tentar iludir, impedir ou recusar a sentença das urnas. A ginástica mais elaborada é a do Livre, mas vamos por partes e vejamos uma a uma.
O PCP em acentuada crise existencial, apressou-se a anunciar uma moção de rejeição ao futuro governo, isto é, a um governo que ainda não existe e do qual se ignoram a composição e o programa. Esse espasmo político dos comunistas — ou será antes um estertor final? — terá sido, como alguém já referiu, uma tentativa de mostrarem que ainda estão politicamente vivos, mas é de admitir que com decisões políticas destas não venham a sobreviver muito mais tempo.
Mariana Mortágua do Bloco de Esquerda, imaginando-se, talvez, espanhola e a própria reencarnação de Dolores Ibárruri, em 1936, e supondo que há cinco colunas de fascistas e nacionalistas a ameaçar Madrid, propõe-se construir uma frente de esquerda para........