Ainda não basta?
Nos últimos anos a esquerda woke tem exercido grande pressão para que os programas e manuais de História sejam “descolonizados” e para que se dê muita atenção ao envolvimento de Portugal na antiga escravatura transatlântica. São várias as vozes que se têm manifestado nesse sentido, com destaque para as de Cristina Roldão e, em tom menos incisivo, de Miguel Monteiro de Barros, presidente da Associação Portuguesa de Professores de História. Dei-me conta, entretanto, de que o referido Miguel Monteiro de Barros é co-autor (com Marta Torres e Ana Sofia Pinto) de manuais para os 7.º e 8.º anos do ensino básico e resolvi ir ver o que o colega considera importante ensinar aos alunos sobre escravatura e assuntos correlacionados, não apenas nesses manuais, mas também nos respectivos cadernos de actividades.
A análise que fiz surpreendeu-me duplamente. A primeira surpresa foi ter constatado que, acoplado ao caderno de actividades do 8.º ano, vem um “livro auxiliar” de 53 páginas — repito: 53 páginas — que a coberto da designação “Cidadania e Direitos Humanos”, incide única e exclusivamente nas questões da escravatura e da sua relação com a História de Portugal, o que me parece insólito. O “livro auxiliar” do 7.º ano tem outras oito páginas dedicadas a essas questões. Tanto quanto sei não há propriamente manuais para a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, que não tem um programa rígido, mas sim três domínios, o primeiro dos quais é obrigatório. Todavia, mesmo esse, comporta seis grandes temas — igualdade de género, direitos humanos, etc. —, cada um deles subdividido em vários outros, cabendo a cada escola a escolha do tema que quer leccionar, e aos alunos irem indagar........
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