Arquitetura pré-aprovada: O novo paradigma da cidade 

A profissão de arquiteto encontra-se à beira de uma transformação radical. A relação entre projeto e construção, e entre burocracia e custos, é constantemente posta à prova e, com ela, o próprio papel do arquiteto se altera. Os mais recentes desenvolvimentos sugerem que poderemos ver mudanças ainda mais significativas a nível do papel do arquiteto tanto na arquitetura como no urbanismo.

Por um lado, no Canadá, uma nova lei que promove tipologias habitacionais pré-aprovadas assinala uma rutura fundamental com o modelo tradicional do projeto de arquitetura individualizado. A medida surge como resposta à necessidade de acelerar licenciamentos e mitigar a escalada dos preços e a carência habitacional. Um problema que é muito conhecido e discutido em Portugal, tal como noutros países da Europa.

A decisão canadiana de permitir modelos habitacionais pré-aprovados não constitui uma medida burocrática temporária, mas sim uma resposta lógica e ambiciosa a uma crise urgente. Uma vez aprovado um modelo pela autarquia, este pode ser replicado com um processo de revisão mínima, um cenário quase ideal para promotores e para municípios exaustos por procedimentos demorados e custosos.

Também a habitação modular e pré-fabricada responde exatamente a essa necessidade: prazos mais curtos, custos reduzidos e menor fricção regulamentar.

Por outro lado, ao mesmo tempo, na China, emerge um problema oposto mas intimamente relacionado: um excedente habitacional tão vasto que cidades inteiras permanecem semivazias. O mercado chinês já não........

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