Presidente-Rei: um Rei para salvar a República? |
Poucas coisas delatam melhor a saúde de uma democracia do que a forma como escolhe o seu Chefe de Estado. Vista por esse prisma, a democracia portuguesa vive um tempo de fadiga discreta, mas profunda. Entre enfadonhas biografias, entrevistas convertidas em anúncios e a infinita quantidade de debates, abunda o ruído e rareia o sentido de Estado.
Alexis de Tocqueville descreveu o risco que hoje sentimos. Nos seus textos sobre a Revolução Francesa e sobre a América, descreve um ‘poder imenso e tutelar’ que já não se chama rei, mas Estado, eleito e aparentemente popular, cada vez mais concentrado e infantilizador das sociedades que deveria servir.
Tocqueville descreveu isto com uma clareza desconfortável. Nas reflexões sobre a Revolução Francesa explica que, quando a sociedade se torna democrática, há uma tentação quase irresistível de concentrar tudo num só centro. Primeiro no “