Este era um grito constante da comunidade estudantil universitária, que eu também gritei algumas vezes em frente ao parlamento. Várias foram as gerações que o gritaram, um grito bem sentido que pedia o fim das propinas. Muitos gritavam porque lhes era um esforço pagar, outros, já bebiam dos ideais da igualdade e sabiam que estas eram uma barreira a derrubar.

Nos dias de hoje, este coro estudantil foi engrossado por um coro de economistas que vem defendendo a necessidade de se acabar com as propinas.

Este é um tema cíclico e em constante discussão. Reformular a educação é urgente, dada a revolução no mercado laboral que a IA está a provocar. Não há volta a dar. Vamos precisar de mão-de obra especializada. Vamos precisar de requalificar mão de obra à velocidade da luz para fazer face a esta mudança que já está em marcha.

É com esta premissa em mente que se discute a necessidade de implementar políticas educacionais eficientes e que promovam a massificação do ensino superior. Até porque se sabe que as políticas públicas no ensino têm sempre uma boa relação custo/benefício. Se bem implementadas “quase que se pagam a si mesmas”. O que é mesmo necessário é saber que políticas públicas implementar de forma que cumpram o seu propósito e sejam de facto eficientes e garantam a equidade. Não podemos negligenciar o poder do ensino na mobilidade social.

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Sabendo nós que a fonte de financiamento das universidades portuguesas é escassa, precisamos de avaliar bem o impacto da política de propina zero. Falar de propina zero é falar numa política orelhuda e bastante sedutora.

Todavia, se for uma medida isolada pode comprometer o financiamento das universidades e, tendo em conta a realidade do país, pode não promover a massificação do ensino superior. Para além das propinas, temos a questão do alojamento dos estudantes que, tem estado nas mãos de um mercado imobiliário especulativo. Acresce ao alojamento todo um conjunto de encargos pesados, relacionados com as deslocações dos estudantes: os transportes, alimentação, água, eletricidade, internet, vida social… Sendo a educação um direito, deve-se garantir que todos têm oportunidade e tentar mitigar barreiras. Simplificar e melhorar o acesso a bolsa de estudo poderia ser um passo a dar. Quando era estudante ficava meses sem receber bolsa, dada a burocracia inerente ao processo. Sendo eu deslocada isso tinha forte impacto, nem sempre ia a casa no fim de semana para poupar nos transportes.

Uma medida deste novo orçamento de estado assenta no reembolso das propinas, com um objetivo de num curto prazo mitigar a emigração de jovens qualificados. Fica a questão se esta se trata de uma medida benéfica no longo prazo. Melhor, fica no ar se esta é de facto, uma medida progressiva e equitativa, que melhore o sistema educacional e garanta a mobilidade social?

Não será pertinente fazer uma avaliação global do que se pretende a nível estrutural? As políticas públicas devem servir um propósito, não ciclos eleitorais. Esta medida de reembolso, que decerto terá uma forte carga burocrática, será benéfica para os estudantes e para o futuro do mercado de trabalho?

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Não pagamos! Não pagamos!

Não pagamos! Não pagamos!

Este era um grito constante da comunidade estudantil universitária, que eu também gritei algumas vezes em frente ao parlamento. Várias foram as gerações que o gritaram, um grito bem sentido que pedia o fim das propinas. Muitos gritavam porque lhes era um esforço pagar, outros, já bebiam dos ideais da igualdade e sabiam que estas eram uma barreira a derrubar.

Nos dias de hoje, este coro estudantil foi engrossado por um coro de economistas que vem defendendo a necessidade de se acabar com as propinas.

Este é um tema cíclico e em constante discussão. Reformular a educação é urgente, dada a revolução no mercado laboral que a IA está a provocar. Não há volta a dar. Vamos precisar de mão-de obra especializada. Vamos precisar de requalificar mão de obra à velocidade da luz para fazer face a esta........

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