Tragédia em 51 Atos
Seis de Fevereiro foi um dia agitado para a cidade de Luneburgo, no Norte da Alemanha. Na sala 8 do Tribunal distrital teve lugar um processo memorável, que foi notícia nacional, e o culminar de uma saga inacreditável de um arguido, agora criminoso condenado, que conseguiu a “proeza” árdua de cometer 51 delitos em menos de 1 mês e aterrorizar uma cidade inteira. O arguido, algemado e preso a uma cadeira e nas fotos do tribunal impossível de identificar, dado que a sua conduta tinha sido pautada por enorme violência e este já tinha cuspido, mordido e ferido gravemente agentes da polícia e civis em inúmeras ocasiões, teve de ser levado para o tribunal com uma touca para impedir o cuspo e mordeduras. Um cenário reminiscente de um filme de Hannibal Lecter, desta feita numa pequena cidade não habituada a estas cenas à Hollywood.
A minha decisão de comentar este caso deve-se ao facto de este ter acontecido na minha cidade, inclusive em lugares que frequento diariamente e ter, tal como no caso dos outros habitantes, provocado uma enorme insegurança pessoal e levado a interrogações (aparentemente não só minhas) acerca do papel da justiça, da polícia e do estado em proteger os cidadãos e habitantes de um país.
Ironicamente, o indivíduo de 30 anos e de nacionalidade guineense que desde Janeiro deste ano iniciou o seu reino de terror em terras germânicas, foi descoberto com documentos falsificados portugueses e ninguém sabe como aqui chegou. Também não pediu asilo. Com que intenção se fez ao caminho da Europa ficou por resolver, visto que uma conversa estruturada foi impossível. No tribunal, só se ouviram da sua parte gritos, protestos, insultos e ameaças em inglês antes de este ser retirado........
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