Se isto é justiça, o que resta ao país?

Há momentos na vida de um país que parecem pequenos tremores, quase impercetíveis, mas que anunciam algo maior. A cada recusa de acesso a um processo, a cada porta que se fecha a quem tem o direito de saber o que está a ser investigado, acrescenta-se mais um grão à instabilidade silenciosa das instituições. Quatro pedidos formais negados. Quatro. E, ainda assim, é pelas páginas dos jornais que um antigo Primeiro-Ministro toma conhecimento do conteúdo das escutas de que foi alvo.

É difícil imaginar retrato mais claro da inversão do sentido de justiça.

O segredo de justiça, tal como existe, já não é uma muralha erguida para proteger a investigação nem um mecanismo de equilíbrio entre direitos e deveres. Tornou-se um véu opaco para quem devia ver. Para os outros, surgem fugas cirúrgicas e........

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