Reforma Agrária: da paixão ao tabu
Por estes dias, há 50 anos, estava a acontecer a primeira ocupação da Reforma Agrária. Foi no Monte do Outeiro, distrito de Beja. Há semanas que nessa herdade se vivia uma tensão crescente pois o proprietário, José Gomes Palma, recusava aceitar como seus trabalhadores os vinte homens que a Comissão Concelhia colocara no Monte do Outeiro.
Sim, tudo começara discreta e burocraticamente meses antes, em Julho, com umas ditas comissões paritárias que na verdade eram controladas pelo PCP, que em cada concelho definiam quanto trabalhadores mais deviam ser empregues em cada herdade. Uma vez definido esse número, os trabalhadores eram mandados para as herdades, com ordenados e funções definidos pelos sindicatos. Ao proprietário das terras restava pagar. É óbvio que se estava perante uma política de emprego intensivo que já não fazia sentido na época e que viria a ser um dos factores responsáveis pelo falhanço da Reforma Agrária que há-de quase quadruplicar o número de trabalhadores. Mas em Dezembro de 74 essa multiplicação arbitrária do número de trabalhadores de cada herdade é ainda e sobretudo uma forma de pressão sobre os proprietários.
No caso de José Gomes Palma a pressão começara logo em Agosto, quando a Comissão colocou mais dois trabalhadores no Monte do Outeiro. O proprietário não aceitou. De Agosto a Novembro, entre providências cautelares e deliberações da Comissão, a tensão cresce. No início de Dezembro a Comissão coloca vinte homens no........
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