O regresso dos camaradas

Desastres eleitorais sucessivos, transferência de votos para a direita a par do envelhecimento do seu eleitorado, levaram as esquerdas a primeiro deitar contas à vida e, em seguida, atirar pressurosamente para o caixote do lixo as vítimas que até ontem animavam o seu activismo. E assim, porque chegou a hora dos camaradas subirem ao palanque, num ápice sumiram-se os “camarados” e os “camarades”.

O problema é que este não é um assunto que apenas diga respeito à esquerda. Aliás nem sequer é um assunto que diga sobretudo respeito à esquerda. Como dizia o dirigente do BE, Pedro Filipe Soares, quando em 2023 se enredava na lenga lenga dos “camaradas, ‘camarados’, ‘camarades’ mais os todos, todas e ‘todes’ esta era uma luta que o BE “impôs ao país”. Sim, impuseram. Impuseram essa luta. E outras antes dessa. E agora outras depois dessa. Esse activismo-esquerdista que vai do BE ao PS tem dominado de facto a agenda das lutas, por assim dizer. (Grande parte do desconcerto da esquerda com o Chega passa exactamente por, de repente constatar que outros, além deles, podem arrogar-se essa capacidade.)

O problema é que........

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