A tragédia em Fernão Ferro

Raúl e Edviges tinham 88 anos e morreram encurralados na sequência da inundação da sua casa em Fernão Ferro, na zona do Pinhal do General, com a tempestade Cláudia. Presidente da República, primeiro-ministro, presidente da Câmara do Seixal e presidente da Junta de Freguesia de Fernão Ferro lamentaram as suas mortes. Lamentar não chega. Devíamos ter uma enorme vergonha por mortes como essas acontecerem num país europeu do século XXI. E perguntar-nos como é possível estar a converter um bairro clandestino durante mais de 40 anos.

Como se pode ler aqui, texto da responsabilidade da autarquia com data de 2022, “o processo e reconversão da AUGI FF71 – Pinhal do General iniciou-se há mais de 40 anos, sendo a maior AUGI do país, com 3282 lotes, quase 3000 proprietários e 176 ruas”. Para quem não esteja familiarizado com o linguarejar “burocratês”, AUGI é Área Urbana de Génese Ilegal. Estamos há mais de quatro décadas, no Seixal, a requalificar e tornar seguras casas que foram construídas clandestinamente.

A Associação de Proteção Civil APROSOC teve a coragem de colocar o dedo na ferida ao responsabilizar a Câmara do Seixal e a Junta de Freguesia de Fernão Ferro pela morte daquelas duas pessoas. que nem tempo tiveram de acionar o botão de........

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