A China, o ouro e o silêncio |
Apesar do frenetismo do presente, os mais perigosos – ou promissores — anúncios nem sempre são pomposamente feitos em conferências de imprensa. A China a aumentar as reservas próprias de ouro pode ser um desses casos. Pequim não toca trompetes nem convoca câmaras. Limita-se, neste caso, a comprar ouro: devagar – ou talvez não tão devagar assim – e procurando não dar demasiado nas vistas. E isto pode ser causa ou consequência de uma substancial alteração no tabuleiro da geopolítica internacional.
Vejamos. A cotação do ouro tem subido de forma significativa nos últimos meses. A 20 de outubro de 2025 atingiu o valor recorde de 4360 dólares por onça. Um ano antes, em outubro de 2024, a cotação era de 2700 dólares por onça. Encarado como uma das principais e mais seguras reservas de valor, o aumento repentino do preço do ouro sinaliza, normalmente, tensão global, instabilidade internacional ou desconfiança noutros ativos, procurando os investidores refúgio no valioso metal.
Sabemos que o ouro tem sido um velho protagonista nas histórias dos impérios. Será agora novamente determinante na luta por uma arquitetura pós dólar, que a China pretende construir?
Os dados oficiais publicados pelo Banco Popular da China demonstram que o país compra ouro há 12 meses consecutivos. No fim de outubro, a reserva oficial do país seria de 2304 toneladas: a 6.ª maior do........