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Poderiam os judeus do Porto chamar corrupto a Sousa Tavares?

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Em 18 de dezembro do corrente, no âmbito sempre apaixonado do debate público em torno da lei da nacionalidade, o conhecido jornalista e comentador Miguel Sousa Tavares afirmou na TVI que a Comunidade Judaica do Porto estava envolvida num “esquema de corrupção”. A acusação pode ser apreciada em várias dimensões, incluindo uma positiva, posto que a predita organização privada tem dado mostras de saber recolher e arquivar para a história tudo o que contenha significado para uma epopeia já milenar.

O acusador certamente sabe que a legislação que permitia a obtenção da nacionalidade pelos judeus de origem portuguesa impunha a certificação (leia-se, uma opinião de boa-fé) por parte de uma pessoa coletiva religiosa radicada em Portugal, ao que se somava a exibição pelo requerente à Conservatória das provas da sua origem sefardita e, no final, o governo decidia se deveria conceder ou não a nacionalidade ao visado, de acordo com o legal poder discricionário que detinha. A legislação também se referia a critérios exemplificativos para apurar a origem das pessoas, designadamente os nomes de família e a memória familiar, esta forçosamente atestada por entidades reconhecidas no seio do mundo judaico, que não tem e nunca teve um “Vaticano”, mas que sabe discernir quem é quem à luz da tradição judaica, que é muito mais uma genealogia do que um “credo” como muitos ignorantes persistem em afirmar.

Neste cenário, importa saber quem se integra no “esquema de corrupção” afirmado tão apaixonadamente por Miguel Sousa Tavares. Quem foram os autores de........

© Observador