Jordan Peterson: o poder civilizacional da Bíblia
O último livro de Jordan Peterson, We who wrestle with God (2024) [tradução livre: Nós que lutamos com Deus], acende novas luzes de esperança num tempo de desnorte existencial. A sua leitura é uma excelente porta de entrada em 2025, pois permite a cada indivíduo pelo mundo fora congregar-se num movimento moral e racional comum que faça do ano que começa o grande ponto de viragem em defesa do melhor que o ser humano e as sociedades alcançaram ao longo da sua existência milenar. Nesse contexto, seleciono uma corrente nefasta de sinal contrário por condensar o pior da substância desumana dos movimentos de esquerda, os ambientalistas eco-marxistas.
A genialidade de Jordan Peterson é fazer-nos regressar, com simplicidade, aos fundamentos da civilização ocidental ao clarificar que a religião judaico-cristã nasceu há mais de três milénios da maior rotura antropomórfica da história. Na origem, lançou a semente mais fértil e duradoura de sempre protetora da condição humana que desembocou no que hoje designamos por civilização ocidental que, entretanto, se propagou por diversos continentes. O registo escrito dessa semente original ficou fixado no início da Bíblia, no Livro do Génesis do Antigo Testamento, o momento da criação divina determinado pela dissociação entre o Homem e a Natureza. Tratou-se de um abandono inédito do passado humano anterior na representação mental do cosmos.
Não foi menor a relevância dessa rotura também ter sido imposta por um Deus único até aí desconhecido que, no mesmo ato fundador do monoteísmo, determinou que apenas um ser, o Homem, fosse criado à Sua imagem e semelhança, porém limitado pelas fragilidades terrenas. Ainda assim, ao primeiro dos homens, Adão, intermediário de Deus na Terra, foi concedida a graça divina de dar nomes aos demais seres vivos. Com isso, o Homem jamais deixaria de ser considerado em primeiro lugar, só depois os........
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