O Estado ao volante, a Ciência no banco de trás |
Há leis que iluminam caminhos e há leis que acendem archotes em barris de pólvora. A nova Lei da Ciência e Inovação, recentemente aprovada, parece ter escolhido o segundo ofício, não por malícia, mas por uma espécie de confiança ingénua na capacidade do decreto de moldar realidades complexas. Como recorda o artigo publicado no Público, ao amputar a autonomia e recentralizar decisões, esta lei corre o risco de transformar a ciência portuguesa num sistema excessivamente burocrático, onde a atividade científica passa a ser controlada como se fosse um trabalho de relógio de ponto, em vez de um espaço de pensamento livre.
No papel, a lei promete “eficiência” e “coordenação estratégica”. Na prática, instala uma espécie de burocracia iluminada, onde quem decide sobre ciência já não são necessariamente os pares científicos, mas conselhos e estruturas intermediárias que, na melhor das hipóteses, compreendem a investigação como quem lê um manual de instruções. A ironia é subtil, mas letal: num momento histórico em que a inteligência artificial começa a “aprender” com os seus próprios erros, o sistema científico nacional caminha para um modelo que desconfia da própria capacidade de se adaptar.
Há uma citação atribuída a Einstein sobre a infinitude do universo e da estupidez humana que se tornou lugar-comum. Contudo, como demonstra