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Grandes Esperanças (3ª Parte)

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21.02.2024

A principal reforma que tem de acontecer é a da maneira de pensar dos políticos sobre a saúde e o seu significado.

Qualquer intervenção política que se pretenda perene sobre a saúde de uma população exige que as questões da proteção da saúde sejam colocadas nas prioridades da governação e se siga um caminho de saúde em todas as políticas. Os ministérios ou a Assembleia da República, quando com interesses setoriais conflituantes com o direito à proteção da saúde, não podem ser empecilho às políticas saudáveis.

Quase todas as decisões políticas podem ter um impacto direto ou indireto sobre a saúde das populações. Uma população menos saudável é menos produtiva, mais consumidora de recursos e menos eficiente. Numa palavra, será infeliz. E essa infelicidade resultante da perda de saúde está distribuída de forma assimétrica, desde logo com a evidência de que os mais pobres têm pior saúde, ou melhor, não têm saúde. Logo, políticas de saúde que pretendam melhorar o estado sanitário de uma população não podem ser uniformes, para lá dos óbvios condicionalismos geodemográficos, tendo de responder aos problemas globais, mas com atenção à necessidade de nivelar a saúde para todos os estratos sociais e em todos os contextos geográficos e culturais.

A saúde em todas as políticas e a avaliação sistemática de impactos na saúde, das políticas e investimentos, são a chave para uma governação da saúde mais eficaz. Só com um primeiro-ministro clarividente e que perceba as dinâmicas sociais relacionadas e consequentes a uma política dedicada à proteção da saúde, por definição ao bem-estar da população, será possível coordenar e alinhar políticas financeiras, fiscais, económicas, educacionais, laborais, ambientais, habitacionais, urbanísticas, alimentares, de transportes, desporto e lazer, etc.

Por exemplo, para citar apenas um, havendo uma grande e legítima preocupação dos mais jovens, mas não só, com o ambiente, porque não aproveitar esse ímpeto ambientalista para os fazer compreender que ambiente e saúde são um contínuo de interdependência, de tal forma que lutar por um ambiente melhor os obriga a rever o seu estilo de vida, consumos, atividade física, alimentação, et cetera?

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Um dos caminhos que já evidente, no sentido de garantir acesso a serviços de saúde em tempo útil, passa por ir procurar atendimento em todo o sistema de saúde e não apenas no SNS. Em Portugal, o SNS já não consegue garantir acesso em tempo útil a todos que precisam dele. Quem pode, naturalmente os que mais impostos pagam, tem de contratar seguros ou pagar diretamente serviços com o seu dinheiro. Paga o SNS por via dos seus impostos e ainda tem de comprar o que o SNS não lhe dá. É duplamente taxado. Daí que a primeira correção a introduzir será descontar da massa........

© Observador


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