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Grandes Esperanças (2ª Parte)

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17.02.2024

Com um olhar de índole privada e com o conhecimento que fui adquirindo ao longo de quase 40 anos de trabalho no SNS, desde logo remeto o que vier a seguir para quatro pontos essenciais e já enumerados em “opiniões” anteriores.

O título, que deve ser entendido como a falta de esperança que se pode intuir da leitura da 1ª parte, assenta na falta de vontade de reformar. Essa falta de querer mudar percebe-se e pressente-se em tudo o que se vai ouvindo e lendo ao longo desta campanha eleitoral. Há um enorme conservadorismo generalizado, uma sensação de acomodação ao status quo da política de saúde em Portugal. Apresentam-se medidas que pretendem solucionar o agora, provavelmente sem o fôlego necessário para conseguir remedeio ou remédio, com pensos mitigadores de problemas que recorrerão no imediato ou passado pouco tempo. Almeja-se, em linguagem oncológica, um prolongamento da sobrevivência sem progressão, em vez de procurar a cura.

Desde logo porque o estado de saúde da população não é apresentado como um motor económico, esquecendo que são as pessoas que fazem a economia, e quase nunca se entende a melhoria da situação económica e financeira como um meio indispensável para a melhoria e conservação do bem-estar individual e populacional.

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Além do mais, a realização de um acordo de regime entre os partidos com assento na Assembleia, muito graças à falácia da “descrispação” que nos quiserem impingir como a bênção da coligação de esquerda, é agora altamente improvável.

Dito isto, irei apresentar as medidas partindo das que me parecem ser de necessidade imediata, indispensáveis para todo o edifício do sistema de saúde que tem de ser modernizado e adaptado aos tempos atuais e projetar-se no futuro.

É preciso assinalar mais uns pontos antes de passar à apresentação do conjunto de propostas.

Não esperem nada de muito diferente do que tenho vindo a escrever nos últimos anos, mas não se admirem se o meu pensamento tiver evoluído. É muito natural que haja programas partidários que incorporem algumas destas ideias. Não pretendo ser original, não fui o único a ver o óbvio. Mas o que a seguir escreverei não é um programa partidário, não é uma crítica a nenhum programa entretanto apresentado, nem pretende ter a arrogância de ser tudo e apenas o que tem de ser feito.

Vinte medidas prioritárias:

1 – A medida estruturante mais importante será a criação de um mecanismo de comunicação eficaz de um processo clínico pessoal, com toda a informação guardada em registo eletrónico, universalmente acessível a quem o utente quiser facultar a informação, permanentemente disponível no seio do SNS ou para os operadores de saúde a quem cada um entregar a proteção da sua saúde.

2 – Rever e manter atualizados os equipamentos informáticos, soft e hardware, à disposição dos........

© Observador


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