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Duche frio

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19.08.2024

Como está calor poderá ser tempo de todos os intervenientes políticos aproveitarem para tomar um duche frio. Far-lhes-á bem. Precisam de esfriar a cabeça. Será bom para a saúde deles e a nossa.

Durante a campanha eleitoral para as eleições de março de 2024, a coligação PSD/CDS foi poupadinha nas promessas para a saúde. Decidiu arriscar pouco e remeteu as suas propostas para um Plano de Emergência que iria ser elaborado até 60 dias depois da tomada de posse do Governo. Foi pouco, o PSD tinha já mais ideias e melhores documentos divulgados e ainda poderia ter muito mais se tivesse feito o trabalho de casa durante os anos em que esteve na oposição. Oito anos foi muito tempo para pensar. O programa eleitoral para a Saúde e, consequentemente, o do Governo, foi remetido para o Plano de Emergência que ainda estava por elaborar. Logo, mesmo que agora queiram acreditar no contrário, toda a fatura política de saúde da AD foi colocada no Plano. Assim, a expetativa criada pelo Plano de Emergência e, posteriormente, de Transformação foi demasiada. É sabido que em face de muita expetativa, quando a perceção é fraca, a satisfação é péssima.

Na minha muito modesta opinião, o enfoque no Plano foi um erro político em vários momentos. No anúncio (na campanha eleitoral insistiram num plano desconhecido), na conceção tardia (60 dias foi uma eternidade e mostrou que o Governo não sabia ao que vinha, sendo que nem os 60 dias foram estritamente cumpridos), na forma de elaboração (com uma consultora que foi incompetente e um pequeno grupo de gente boa e esforçada) e na divulgação (reforçando as medidas de resolução a três meses, sem acautelarem as incertezas). Acresce que ao Plano falta um foco coerente, um conjunto central, conteúdos com formulação clara e uma estratégia de avaliação. O Plano não é um documento estratégico intrinsecamente coerente e abrangente, com soluções elencadas para a maioria dos problemas. O próprio título, ao incluir Emergência, remete para ações imediatas, para agora, e é isso que as pessoas, a oposição e a comunicação social ouviram e exigem. Só que o agora é demasiado cedo. Mas o Plano tem virtudes que podem ser exploradas e pode ser melhorado. Voltarei ao Plano noutro texto.

Mas houve mais erros. O anúncio da monitorização pública das metas foi um disparate, quando a falta de capacidade de cumprir com tudo no imediato era evidente e, pior, sendo também evidente que a expetativa jornalística seria de grande rapidez na execução das medidas e atingimento dos objetivos. Logo, a notícia foi “só duas medidas cumpridas” e não “já cumpriram com duas das medidas” apesar do curtíssimo exercício de governação.

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Chegados onde estamos, com dificuldades que, naturalmente não se poderiam mitigar em três meses, muito menos eliminar, andam todos com os nervos em franja e os dislates sucedem-se.

É........

© Observador


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