Portugal precisa de uma força de emergência profissional

Nos últimos dias, dois acontecimentos no seio do Exército Português passaram quase despercebidos ao grande público, mas deviam ter gerado um debate nacional sério. O Exercício Fénix, realizado ao longo de cinco dias, simulou a resposta coordenada a um sismo de grande intensidade. Pouco depois, o Exército anunciou a intenção de investir 97 milhões de euros nas capacidades de Apoio Militar de Emergência (AME), pilares operacionais do Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME). Estes sinais não são simbólicos: representam, finalmente, a disponibilidade para corrigir uma falha estrutural que Portugal arrasta há décadas. A pergunta impõe-se: estará o poder político disposto a acompanhar esta vontade?

Em Setembro de 2024, quando os incêndios rurais voltaram a devastar o Norte e Centro, Portugal viu-se novamente obrigado a ativar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil. A resposta mais musculada veio da Unidade Militar de Emergência (UME) espanhola, que projetou três batalhões, a partir de Madrid, Morón e León. No total, mais de 300 militares chegaram ao terreno com rapidez, autonomia e comando sólido. Foi a segunda vez em poucos anos que a UME nos socorre, já o fizera em 2017. E, mais uma vez, ficou à vista a diferença entre um país que se preparou e outro que continua a improvisar. A chegada dos espanhóis a São Pedro do Sul, poucas horas após receberem a missão, ilustra bem essa disparidade. Receberam a missão às 18h e às 3 da manhã o grupo avançado de comando estava no local de atuação. Procuraram o centro de saúde local: estava fechado, a câmara municipal: fechada, mas o concelho ardia. Felizmente, trouxeram tudo, desde logística a sistemas de comunicações por satélite até maquinaria pesada, manutenção e capacidade de comando avançado. A comparação dói, mas é necessária. Nós continuamos a improvisar tudo, e é precisamente aí que se revela a........

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