Desistir de ser pai de um filho e uma filha para se proteger
O testemunho escrito sobre a forma de mensagem que recebemos de um pai alienado e que hoje analisamos revela um processo prolongado de exaustão psicológica, emocional e económica por parte do pai que, após vivenciar a perda relacional do filho mais velho e antecipar o afastamento anunciado da outra filha, tomou a decisão de desistir do processo de recuperação da sua função de pai, reagindo à acumulação de frustrações, ante a impotência para solucionar o problema extrajudicialmente e a perceção da falta de eficácia do sistema judicial ao qual se viu obrigado a recorrer.
A narrativa deste pai evidencia um misto de resignação e sofrimento: “Dada a evolução dos acontecimentos desde o início do processo em 2022 e a decisão provisória em 2023 (porquanto a perda do meu Filho a favor da Mãe é irreparável e a pré-anunciada ‘decisão’ da minha Filha de seguir as pisadas do irmão, para passar a viver só com a Mãe, ‘daqui a meses, quando fizer 16 anos’), sinto nada justificar a manutenção do processo da minha Filha e, portanto, concluo ser a opção mais sensata o encerramento do mesmo”. A sua desistência é aqui apresentada não como desinvestimento afetivo, mas uma reação a um limite de desgaste emocional que foi atingido. O pai explicitou-o quando acrescentou “estou esgotado de recursos emocionais. Por outro lado, não disponho de mais recursos económicos para continuar a alimentar a máquina torturante dos tribunais”. Nesta passagem, o pai alienado exprimiu uma perceção de desgaste geral e de desamparo perante um contexto que descreve como torturante, sugerindo um quadro de sobrecarga que compromete a capacidade para continuar a lutar pelo restabelecimento da sua relação com os filhos. Não obstante, reafirmou também o seu vínculo parental e a sua disponibilidade afetiva, afirmando: “Continuo e continuarei sempre disponível para os meus Filhos, mas entrego a Deus o que tiver de ser quanto ao seu futuro”.
A dinâmica descrita por este pai, relativamente à relação com o filho mais velho, evidencia um processo de afastamento súbito, por si vivido como profundamente doloroso e marcado por sentimentos cumulativos de perda, incompreensão e descontinuidade da relação afetiva, mostrando como este afastamento é atravessado por acusações, por emoções intensas não enquadradas terapeuticamente, numa ausência quase total de mediação profissional que pudesse ter regulado o conflito, identificando a sua origem e mitigado o impacto sobre a relação pai-filho. O pai sintetizou esta vivência afirmando: “Relativamente a ‘como estão as coisas’ com os Filhos: Do Filho, nada sei desde que manifestou em tribunal querer estar em terapia familiar, foi a uma única sessão apenas ‘despejar’ raivas, rancores e histórias construídas pela mãe e pelos avós ao longo de anos, para afirmar logo depois ter decidido afinal não querer voltar a ter sessões de terapia, nem estar ou conviver com o Pai. Respeitei! Apesar das minhas interpelações ao psicólogo (nomeado pelo tribunal mediante indicação da Mãe e que o “acompanhou” ao longo de meses) para saber da evolução do meu filho, nem uma resposta me chegou. Interiorizei!” Nesta passagem, a referência ao “despejar” de raivas e rancores numa única sessão indica a ausência de um espaço terapêutico suficientemente continuado e seguro que assegurasse a análise e a reorganização o discurso emocional do filho, permitindo distinguir os sentimentos próprios de narrativas transmitidas por terceiros. A perceção de que as histórias partilhadas estariam “construídas pela mãe e pelos avós ao longo de anos” indica a possível influência externa na representação que o filho formou da figura paterna, aspeto compatível com contextos de conflitualidade interparental prolongada. O facto de o filho ter desistido da continuidade da terapia familiar exemplifica a sua resistência, medo ou pressão associada à terapia, comprometendo assim as oportunidades de reconstrução relacional. A resposta emocional do pai foi marcada por uma aceitação forçada, traduzida pela expressão “Respeitei!”, que funciona, simultaneamente, como um gesto de reconhecimento da autonomia do........





















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