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Como afastar o seu filho da saúde mental

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18.08.2024

É fácil transformar um filho numa pessoa com menos saúde mental. Na verdade, é mesmo mais fácil do que todos imaginamos. Dir-me-ão que, se olharmos para as nossa vida mental, também nós temos as nossas pequenas coisas. E é verdade. Mas, em relação a eles, há um salto gigantesco entre o período em que nos dedicamos a ler-lhes os olhos e nos preocuparmos que sorriam, como se com isso nos dissessem que estão bem e são felizes; e o modo como, mal entram na escola, somos engolidos por uma engrenagem em que nos fogem das mãos e em que os sinais que nos dão parecem nunca ser suficientemente importantes até à altura em que, finalmente, têm dificuldades escolares e tudo pára.

O mais inquietante, no meio disto tudo, é a forma como vamos, silenciosamente, escorregando dos distúrbios emocionais da infância para a forma como os nossos filhos se afastam da saúde mental. Como se tudo se passasse, silenciosamente, um pouco como com as doenças cardiovasculares. Primeiro, quando dão sinais que não estão tão bem como todos desejaríamos (o que nos leva, um ror de vezes, a perguntar se isso é defeito ou feitio). A seguir, na adolescência, quando os grupos de iguais e as redes sociais pagam as favas da forma como o seu comportamento sofre mudanças abruptas, que levam a que os pais, de maneira bondosa mas perigosamente, se adaptem a eles. Depois, quando tomamos a entrada na universidade e a juventude como áreas que os influenciam e os tornam mais egocêntricos, menos nossos e, sobretudo, com aquilo que eram vícios de forma a transformarem-se em constantes do seu comportamento e em perturbações de personalidade. E finalmente, quando a engrenagem dos primeiros empregos e outros acontecimentos de vida fazem com que ecludam episódios mais exuberantes de doença mental. Que, devagarinho, se vão instalando sem volta à vista.

É claro que estamos, ainda, muito habituados a ver a doença mental como uma doença psiquiátrica. Nas vizinhanças da loucura. Esquecendo-nos nós que quanto mais as pessoas são escolarizadas mais a doença mental parece disfarçável. Não se reparando que as perturbações de personalidade são doença mental. Umas, compensadas com consumos de álcool, de alimentos ou de drogas, por exemplo. Outras, com relações amorosas e familiares doentias. Muitas outras, com relações workaholics com o trabalho. E outras, ainda, com um controle exacerbado, que faz com que inúmeros quadros médicos (das doenças cardiovasculares, à dermatologia ou à gastroenterologia, por........

© Observador


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