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As pessoas não mudam

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11.08.2024

Não há muito mais a que uma pessoa se dê com tanta força como a repetir os seus erros. Por mais que as novidades a tragam à vida. E aquilo que se repete a entulhe num tédio vizinho da morte. Apesar disso, todos queremos mudar. Muitas vezes. Mudando quase tudo sem mexer em quase nada. “Mudando” de um dia para o outro. O que, valha a verdade, aviva a impaciência com que vivemos a mudança. E deixa a nu o enfado com que nos entregamos à humildade, aos sacrifícios e à disciplina com que uma escolha, depois de elegida, nos desafia a mudar.

Vivemos num mundo onde se fala, como nunca, da mudança. E, talvez pela forma como se ela se aborda, a história pareça cíclica e repetitiva. E a vida um círculo vicioso. É verdade que as coisas, à nossa volta, se sucedem a uma velocidade estonteante. E nada do que, hoje, é palpável e é seguro se confirma, de véspera, para depois de amanhã. As novidades cavalgam os nossos dias a um ritmo vertiginoso. E o seu prazo de validade torna-as mais ou menos descartáveis. Muitas vezes, circunscritas a uma única imagem ou a uma mancha de texto, mínima e quase telegráfica. A atenção que lhes dedicamos é veloz. E tão depressa elas se impõem aos nossos sentidos como se desmoronam e se desfazem. Mais do que rápido, tudo parece um flash fugaz e instantâneo. Em todo o lado, parecemos querer tudo a toda a hora e ao mesmo tempo. Mas, depois, vai-se a ver, e as pequenas coisas que se mudam servem para que tudo pareça demasiado igual a tudo o que era. A ponto da vida se insinuar como um disco........

© Observador


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