A geração dos esbaforidos
A esperança traz-nos o bom antes de o vivermos. A saudade tudo o que perdemos.
A esperança convida para o adiante e o mais à frente. A saudade tenta-nos para sermos felizes olhando para trás.
A esperança leva o melhor do mundo para o futuro. A saudade torna o que perdemos o melhor de nós.
A esperança puxa-nos para a vida. A saudade abriga-nos na mágoa.
E quando a saudade se manifesta não se manifestando, é dela que se fala sempre que não se chega a tempo de pôr a esperança a tagarelar.
A esperança é uma saudade que se rende. A saudade é a esperança ao contrário.
Quanto mais falta o tempo mais sobra a saudade. E talvez seja por isso que quanto mais temos a sensação do tempo nos fugir menos se fale de esperança. Que menos ela se assuma. Ou mais furtiva pareça. E eu acho que entendo porquê. A esperança precisa do vagar. De um olhar intimista para a memória e para o futuro. A esperança não é um devaneio. Mas é um galanteio! Com a vida. Com a fantasia. E com o desejo. A esperança não é um impulso ou uma correria. É um sopro da alma. Que faz com que o tempo passe devagar. Não é possível ter esperança e querer viver o tempo todo num só dia.
A esperança traz tolerância ao tempo. Capacidade de esperar por ele. De o degustar. A esperança ganha tempo ao tempo! Daí que uma geração atabalhoada com o tempo, como a nossa – sempre a correr atrás dele, sempre........
© Observador
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