Do interior vazio ao interior produtivo
O abandono do interior é um dos flagelos do nosso país e faltam medidas arrojadas. Segundo o INE, entre 1970 e 2023, a população residente no país aumentou aproximadamente 23%. Contudo a distribuição demográfica permanece extremamente desigual. Em 2021, cerca de 20% da população concentrava-se nos sete municípios mais populosos, todos localizados no litoral, representando juntos apenas 1.1% do país. Em forte contraste, cerca de 20% da população, vivia nos 208 municípios menos povoados, ocupando uma área de 65.8% do território, segundo os censos de 2021.
Se melhor aproveitado, o interior poderia dar um contributo imenso ao PIB nacional, especialmente se for fomentada a criação de indústria e outras atividades económicas, em vez de apenas deslocar capital já existente. Para quebrar este ciclo de estagnação é crucial combinar certos benefícios fiscais a investimentos público-privados criando condições para fixar pessoas e impulsionar a criação de riqueza local.
O interior do país enfrenta um círculo vicioso: a falta de investimento leva à fuga de pessoas, e a perda de população causa um investimento ainda menor. Segundo o Programa Nacional da Política do Ordenamento do Território (PNPOT), 126 municípios, sobretudo no interior, poderão perder 15% ou mais da sua população até 2030. O ritmo de despovoamento é realmente preocupante, e a cada ano fica mais difícil de resolver. Sem uma estratégia ambiciosa, Portugal corre o risco de se tornar um país dividido entre um vasto interior abandonado e cidades costeiras sobrelotadas.
Existem já medidas em vigor, como a redução de 12.5% de IRC nos primeiros 50 000€ de matéria coletável para PME (pequenas e médias empresas) sediadas no interior, face aos 16% aplicados no resto do território. Apesar de........
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