No jardim
Esta semana, visitei o jardim duns amigos, que só conhecia de ouvir falar. Não era como imaginei. Não podia ser, porque um jardim imaginado nunca é igual ao jardim verdadeiro. Eu pensava que andariam por ali borboletas, mas aprendi sobre vespas. Pensava que, sob o diospireiro, havia uma mesa, mas encontrei dióspiros caídos de maduros. Tinha imaginado cravos, onde estava um manto de trevo. Rosas no lugar da romãzeira. Também tinha imaginado os meus amigos diferentes do que eram, havia chegado a pensar que não existiam, porque os conhecia, há anos, apenas por correspondência ou telefone. Pensava-os, ao mesmo tempo, mais magros e mais gordos. Não tão sardentos nem tão pouco ruivos, não tão alegres nem tão cabisbaixos. Não tão faladores nem tão calados.
Contaram-me como ia a vida do jardim e, enquanto falavam, eu ia pensando no jardim da minha vida. Quase parece democrático, que qualquer um possa ter um jardim, mesmo que não tenha nenhum.
Ensinaram-me a fazer armadilhas para apanhar insectos, pondo melaço e aguardente numa garrafa de........
© Observador
visit website