No encalço do cão
Ela queria uma casa onde fosse capaz de escrever. É espantoso como os lugares nos incitam ou nos intimidam. A mesma mulher, dependendo do espaço, pode ficar paralisada ou tornar-se uma fonte. Então, buscava casas como se procurasse a própria vida. Sabia o que era escrever na casa errada e como uma casa podia impedir-lhe a progressão dos parágrafos.
Era preciso que, de noite, houvesse silêncio, e de dia se ouvisse o burburinho da rua. Era preciso que a casa não fosse igual a todas as outras, que pudesse ser sua, que pudesse despir-se lá dentro e sentir a nudez da casa de perto.
Entrava em casas, em visita, espiava o resto da vida dos outros, de quarto em quarto, copos de cristal, peças de presépio, toalhas brancas, o relógio de parede com o autocolante — “para o tio Mário” — um roupeiro entreaberto no qual restava uma camisa de cetim azul, que ninguém passara a ferro desde a morte da senhora que ali vivera.
Precisava de se afastar dos mediadores........





















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