Florir em Dezembro
Volto à ideia de que as estações se sucedem e a vida se renova. Já estive ali, já disse aquilo, já vi esta árvore, já comi este fruto, já te tinha visto, já escrevi aqui, não passou assim tanto tempo. Mas não sou mais a mesma, nem as coisas à minha volta permaneceram. Tudo, agora, é grande — e eu mais pequena, tenho a percepção contrária à que se tem quando se regressa às ruas do passado, e elas nos parecem mais curtas e mais estreitas. Vistos do futuro, os arredores da vida são mais amplos, quem diminuiu fui eu.
Leva-me a pensar que na vida existe a situação de cada um, contingente, arbitrária, determinada pela economia, pelas condições de partida, pela geometria geográfica, política e geopolítica, afectiva e ambiental para que se nasce. Mas existe também, para cada pessoa, a sua situação poética, que se prende com o que vamos fazendo de nós, à medida que o tempo vai........
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