Paris - Metro 13 

Os transportes em comum das grandes metrópoles são uma quase metáfora das Relações Internacionais e da Diplomacia. Nestes espaços e num mundo globalizado, os movimentos demográficos, contextos socioeconómicos, posições políticas, religiões e culturas são diretamente postos em causa. Face à presença de diferentes atores, neste caso a multiplicidade de passageiros, os conflitos são presentes, e forças opostas entram em confronto. O uso da Diplomacia nem sempre se mostra eficaz, sobretudo numa situação de desequilíbrio de poder. A segurança dos passageiros é imediatamente posta em causa quando, numa simples quezília, um dos atores e transeuntes se recusa a dialogar e passa assim a uma afronta direta, podendo para tal recorrer a um instrumento ofensivo. As regras da sociedade que abrange os meios de transporte em comum, neste caso teatro de operações, são frequentemente transgredidas e vai restando uma espécie de “lei comum” popular que vai regendo as condutas.

Estudava em Paris numa universidade pública parisiense aquando do estado de alerta máximo de terrorismo no país, e dos inúmeros atentados. Ter de abandonar um local público por suspeita de ameaça, ou no dia a dia cruzar militares da “Opération Vigipirate”, armados e em grande número, foi a realidade vivida a longo termo por mim e grande parte da população do território. A história de hoje passa-se na linha 13 do Metropolitano de Paris, meio de acesso mais direto ao campus universitário, embora de grande risco.

Amanheceu, talvez seja hoje o meu último dia. Eu até já passara a fase de viver assombrada pela morte. Talvez ela chegue sem que eu me aperceba, talvez nem sinta frio. Farei como os colegas, levo uma manta na mochila, em qualquer dos cenários, esta dar-me-á algum consolo. Tenho que me apressar, de Versailles a Saint-Denis ainda é uma longa viagem, obriga-me a atravessar Paris e a apanhar a linha 13.

Foram construir um centro empresarial e uma........

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