Imigração: acolhimento e responsabilidade |
Num tempo marcado por deslocações humanas em larga escala, a questão da imigração tornou-se um dos grandes desafios morais, sociais e políticos do nosso tempo. Às razões de ordem económica, juntam-se guerras, perseguições, alterações climáticas e desigualdades estruturais. Mas por detrás dos números estão sempre pessoas. E cada pessoa é portadora de uma dignidade inviolável, pois cada homem e mulher é criado à imagem de Deus.
A Igreja tem sido clara neste ponto: «É nosso dever respeitar o direito que tem todo o ser humano de encontrar um lugar onde possa não apenas satisfazer as necessidades básicas dele e da sua família, mas também realizar-se plenamente como pessoa» (Encíclica Fratelli tutti, n.º 129). Somos chamados a olhar os migrantes com compaixão e responsabilidade, promovendo políticas que respeitem a sua dignidade e os ajudem a reconstruir a vida. Mas a mesma encíclica adverte que o acolhimento não pode ser ingénuo nem desordenado, como indicava o Papa Francisco: A Europa, e os Estados que a compõem, têm «o dever moral de tutelar os direitos dos seus cidadãos e o dever de garantir a assistência e o acolhimento dos imigrantes» (Encíclica Fratelli tutti, n.º 40).
A doutrina social da Igreja reconhece que os Estados têm o direito — e mesmo o dever — de regular os fluxos migratórios em função do bem comum (cf. Compêndio de Doutrina Social da Igreja, n.º 298). A hospitalidade não pode ser sinónimo de anarquia, porque isso coloca gravemente em risco a dignidade da pessoa humana dos migrantes, que........