Em Novembro de 2023, uma tempestade política sacudiu Portugal. O Ministério Público revelava uma investigação a António Costa, por ter sido mencionado por suspeitos num caso que pode consagrar crime por tráfico de influências. Bastou isto para que Costa apresentasse a demissão e desde então a tempestade que opõe o poder político e o poder judicial em Portugal ainda não parou.
Enquanto a Procuradora-Geral da República continua a prestar esclarecimentos públicos, surpreendentemente, o mesmo homem que já não tinha condições para ser Primeiro-Ministro, fez, entretanto, as malas para a Europa.
Por cá, continuamos a discutir o parágrafo. O famoso parágrafo que um tão honrado António Costa não pôde aguentar moralmente. Quase que acreditávamos nisto, tivesse o desfecho sido diferente.
A pressão política parece querer humilhar Lucília Gago, atropelar a separação de poderes e proteger António Costa, muito mais do que procurar a verdade e agilizar os procedimentos judiciais em Portugal. Qualquer pessoa atenta às movimentações do homem que banalizou a governação com a extrema-esquerda em Portugal anteviu o desfecho para um alto cargo na Europa há muitos anos. Sendo um mau governante, Costa sempre foi um ótimo político e construiu um caminho diplomático coeso. Só António Costa conseguiria jantar com Merkel na sua despedida e ver jogos de futebol com Orbán.
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O facto de o melhor amigo do antigo Primeiro-Ministro ter sido detido por suspeitas de tráfico de influências junto do próprio gabinete de Costa, assim como o chefe de gabinete ter sido apanhado com 75.800€ na estante e detido, não foi o suficiente para travar Bruxelas de apontar Costa como o Presidente do Conselho Europeu ideal. De repente, a Europa toda e até o novo primeiro-ministro concordavam que esta pessoa, nestas condições, era a ideal para o cargo, mas os portugueses não tiveram nada a dizer, nem era suposto terem. O Conselho Europeu não foi feito para ser votado, foi feito para ser nomeado.
As instituições europeias, tão longe dos cidadãos da sua crítica e escrutínio, gozam de boa fama em Portugal por sermos um dos principais beneficiários dos dinheiros de Bruxelas, mas até o maior entusiasta da UE se sentiu constrangido com a falta de transparência na nomeação de cargos europeus com protagonistas envolvidos em processos judiciais nos próprios países. A esquerda parecia desconfortável com a situação de Von der Leyen, a direita com António Costa.
Este cargo, criado pelo Tratado de Lisboa, na minha opinião, faz pouco sentido,........