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A qualidade do crescimento económico

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09.04.2025

Todos os anos assistimos à discussão do crescimento económico na base das décimas acima ou abaixo das previsões e à celebração das pequenas vitórias de crescimentos ligeiramente superiores à média comunitária. Ao mesmo tempo, tem-se olhado muito pouco para a qualidade do crescimento, tendo em conta os seus factores e a sua sustentabilidade. Por isso, vale a pena olhar para as componentes da procura (Consumo Privado, Consumo Público, Exportações e Formação Bruta de Capital Fixo) que impulsionaram o crescimento nos últimos 10 anos, conforme explicitado no gráfico seguinte.

Fonte: AMECO, INE e cálculos do autor

Na sequência do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (Troika), em 2015 foram as exportações que deram o principal contributo para o crescimento do PIB (47%), seguidas do consumo privado (35%). O que se compreende como consequência dos efeitos da contracção da procura interna no quadriénio anterior, que levou as empresas exportadoras a procurar mais os mercados externos. Já no ano seguinte, o aumento dos rendimentos das famílias permitiu que fosse o consumo privado o principal responsável pelo crescimento (52%), seguindo-se as exportações (40%). Nos anos que se seguiram, estas duas componentes foram alternando de importância, sendo que em 2019 a importância do consumo privado voltou a superar os 50%. Na retoma de 2021/22 as exportações foram dominantes, mas nos dois últimos anos o consumo privado voltou a ganhar importância, estimando-se que tenha sido a componente mais forte em 2024.

Porventura o aspecto mais preocupante destes 10 anos é o quase insignificante contributo do investimento para o crescimento. Se exceptuarmos o ano de 2017 – em que o contributo do investimento foi de 23% –, só em três anos esse contributo ultrapassa os 10%, sendo mesmo, nos três últimos anos, inferior ao contributo do consumo público, que ganhou maior expressão a partir de........

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