Combater o bullying? Apostem nas artes marciais
O título deste artigo de opinião pode parecer um contrassenso. Mas acreditamos que não o é.
O bullying tem estado na ordem do dia, assim como as questões associadas à criminalidade juvenil, com destaque para as dinâmicas dos gangues.
Todos os governos anunciam grupos de trabalho para lidar com estas questões e até chegam a ser feitos diagnósticos de situação e propostas medidas. Porém, as medições dos respetivos impactos ficam aquém, transparecendo a noção de que não existe uma verdadeira continuidade de políticas públicas e que tanto os governos como a administração pública vão funcionando por ímpetos momentâneos com a solidez da espuma dos dias.
A abordagem destes problemas é multidimensional e não é simples. Todavia, hoje queremos focar-nos numa possível medida cuja aplicação se pode revestir de múltiplas formas e feitios, sendo, acima de tudo, custo-efetiva. A dinamização da aprendizagem de artes marciais, enquanto veículo de valores e competências para ajudar os jovens a lidarem melhor com a violência e as suas próprias emoções.
Estamos cientes de que a questão das artes marciais entre os jovens sempre foi alvo de controvérsia.
Diversos estudos sobre os efeitos da sua prática pelos jovens chegaram a resultados contrastantes. Enquanto alguns se referem a oportunidades pessoais e sociais aprimoradas para aqueles que participam, outros alertam para níveis aumentados de agressividade e comportamento antissocial.
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Vertonghen e Theeboom (2010) procederam à análise de mais de 350 artigos durante dois anos, de forma a chegarem a uma conclusão sobre esta problemática. O desfecho alcançado foi que, embora uma quantidade considerável de pesquisas sobre os resultados sociopsicológicos da prática de artes marciais tenha sido conduzida ao longo dos anos, até àquele momento ela não havia trazido clareza quanto à dualidade existente sobre os possíveis efeitos da prática de artes marciais.
Neste sentido, propuseram uma melhor compreensão do problema através da análise de fatores influentes específicos, tais como: as características dos participantes, o tipo de filosofia subjacente (a forma como a arte marcial é ensinada e os seus fins – desenvolvimento pessoal ou competição), o........
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