O ano de 2026 em duas palavras e num pedido

A revista Foreign Policy oferece-nos um conjunto palavras que se destacam na política global em 2025. Narco-terrorismo surge à boleia da campanha norte-americana, no Mar das Caraíbas e no Pacífico Ocidental, contra lanchas de tráfico de drogas e com intenções hostis públicas face ao regime ditatorial da Venezuela e ambições declaradas quanto aos seus recursos. Multipolarização reflete a tendência para uma transição de poder e uma retração caótica da grande potência tradicionalmente dominante, os EUA, o que acelerou a emergência de novos polos de poder, de novas grandes potências, com os conflitos que isso sempre provoca. Temos outros como: “objetor persistente”, um estado que recusa sistemática e publicamente normas emergentes do direito internacional; cansaço com o asilo que reflete o fechamento global das fronteiras a vagas migratórias do Chile aos EUA, da África do Sul à Grã-Bretanha, da Austrália ao Paquistão; TACO que propõe como melhor forma de lidar com Donald Trump mostrar força; ou, ainda, barreira anti-drone (Drone Wall) que resulta da prioridade dada a este novo meio de combate na forma como se pensam as guerras atuais e ameaças futuras. Eu destacaria outras duas palavras que também darão que falar no próximo ano.

A palavra remete para o recurso crescente a coligações ad hoc entre países com interesses, percepções de ameaça e prioridades de ação convergentes. Esta é cada vez mais a alternativa ao multilateralismo que, por convenção, designa nas Relações Internacionais, a diplomacia que tem lugar em organizações permanentes e muito formais com um grande número de países como membros – como a ONU ou a União Europeia. O grande número de Estados Membros e o peso de normas formais limita muito a possibilidade de ação rápida a robusta. Num mundo em mudança acelerada, mais dividido, e mais propenso a crises........

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