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O circo

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16.02.2024

Durante séculos o teatro era o lugar onde os mais dotados e mais cultos exerciam os seus dotes. Ser actor, de teatro, era o prémio de uma carreira sem mácula. Ninguém se candidatava ao lugar sem ter lido e sobretudo assimilado os clássicos. Não apenas os que fossem passíveis de serem interpretados, mas todos, de molde a perceber a natureza humana que iriam interpretar. Da leitura de Platão e Aristóteles chegariam a Shakespeare e Ibsen, mas também às tertúlias onde a vida em geral era vista e escrutinada, onde se via depois de se ter olhado. Os mais dotados, passavam mesmo à fase de contemplação do que os primeiros só olhavam e os segundos já conseguiam ver.

Estes actores tinham um séquito de seguidores que os defendiam ou vilipendiavam consonante eram os seus eleitos ou não. De qualquer forma havia sempre um respeito pela profissão que era sinónimo de entrega e seriedade.

Se havia muitos teatros pequenos, os grandes, contudo, eram poucos. Todos tinham o seu encenador, o seu director artístico e algumas ocupações para quem não era tão dotado, como a venda de bilhetes e a limpeza do palco. A segunda escolha para quem não passava na candidatura a actor era ser ponto, onde a proximidade com as estrelas e o facto de estar dentro do palco lhe permitia na sua tertúlia tentar imitar o actor.

Os espectadores saíam do teatro para os cafés e discutiam não só o realismo que os actores haviam transmitido às cenas (os cenários foram sendo secundarizados), como, sobretudo, a mensagem que a peça transmitia.

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O circo, que tinha começado por ser um espectáculo que as elites haviam criado para satisfazer o povo, ou o próprio imperador, onde por vezes juntavam pão, de molde a garantir a serenidade dos espectadores, mesmo após o espectáculo, tornou-se num espectáculo sobretudo para crianças, com excelentes interpretes da emoção. A razão no circo não fazia sentido. Pretendia-se que os espectadores acelerassem o ritmo cardíaco quando os trapezistas se atiravam para o abismo ou quando........

© Observador


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