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O valor das sondagens em tempo de eleições

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16.05.2025

As sondagens são, por essência, instrumentos que procuram captar o pulso momentâneo da opinião pública — uma tentativa de traduzir em números aquilo que é, por natureza, volátil, subjetivo e em permanente mutação. As sondagens são, assim, tentativas de capturar o efémero, instantes de opinião que se transformam em dados, sentimentos coletivos convertidos em estatística. Funcionam como termómetros sociais, mas também como espelhos distorcidos: refletem tendências, mas jamais esgotam a complexidade do real. Nascem de perguntas, mas não oferecem certezas; apontam direções, mas não traçam destinos. Num tempo em que a política se faz tanto de percepções como de programas, as sondagens ganham um protagonismo que transcende o seu propósito inicial — tornam-se parte da própria narrativa eleitoral. São, simultaneamente, instrumento de análise e agente de influência. Compreendê-las exige mais do que ler percentagens: exige interrogar o que mostram, o que escondem e o que provocam. No entanto, é preciso lembrar: uma sondagem é um retrato da tendência de voto, não uma previsão.

O papel das sondagens torna-se ainda mais relevante quando considerado em articulação com os meios de comunicação. A cobertura mediática amplifica os dados, muitas vezes simplificando leituras complexas ou sobrevalorizando variações marginais. Uma mudança de um ponto percentual pode ganhar contornos de viragem histórica. Neste cenário, os próprios candidatos e partidos políticos adotam posturas ambivalentes: os que sobem elogiam a fiabilidade do........

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