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União Europeia 2030, os riscos e o acaso

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31.08.2024

Vivemos uma década extraordinária em que se fazem sentir os principais efeitos das grandes transições, a saber, os eventos climáticos extremos, os problemas com a transição para uma nova matriz energética, o combate pela preservação da biodiversidade e serviços de ecossistema, os problemas com o crescimento dos fluxos migratórios, a transformação digital e a inteligência artificial e os seus impactos nos mercados de trabalho, as pandemias e os novos problemas de saúde pública, entre outros.

No plano geopolítico e geoeconómico, o espaço da União Europeia é especialmente visado. Em primeiro lugar, o receio de uma guerra longa na Ucrânia pode estar, ainda, associado ao colapso do regime político da federação russa com consequências que são, neste momento, absolutamente imprevisíveis. Em segundo lugar, as ambiguidades e as hesitações relativas aos futuros alargamentos, seja os países dos Balcãs ocidentais ou o trio Ucrânia-Moldávia-Geórgia, têm consequências que não é possível prever neste momento. Em terceiro lugar, é impossível subestimar o facto de que a fronteira leste e sul da União Europeia está rodeada de estados falhados que se transformam em focos permanentes de guerras intestinas e tráfico de seres humanos cujo destino é quase sempre a União Europeia. Em quarto lugar, a crise profunda no sistema multilateral da ONU e a emergência de um mundo multipolar em formação deixa as instituições de relações internacionais nascidas no pós-guerra muito desprotegidas e à beira do colapso. Em quinto lugar, esta turbulência no sistema de relações internacionais desencadeia novos alinhamentos entre estados, faz crescer o número de regimes populistas, iliberais e autocráticos e tem consequências diretas na governabilidade do sistema político da União Europeia.

No contexto acabado de descrever existem dois elementos analíticos de extrema importância que vale a pena observar. O primeiro desses elementos é a disponibilidade do instrumento prospetiva no plano da geoestratégia e da geopolítica no horizonte desta década 2030. O segundo elemento diz respeito ao modo como lidamos com os acasos do serendipismo, (do inglês serenpidity), que trata de interações fortuitas, incidentes imprevistos, impactos inusitados, descobertas acidentais, que acontecem em consequência da interdependência sistémica, a causalidade circular e a multiplicação de efeitos de retroalimentação de todas as grandes transições que referimos.

No primeiro caso, a prospetiva pode ser lida como uma teoria do tempo........

© Observador


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