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Descentralização: estado-silo e estado-plataforma

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03.03.2024

A política de descentralização político-administrativa em curso é uma oportunidade única para fazer a transição do estado-silo, hierárquico e vertical, para o estado-plataforma, policêntrico e colaborativo, sendo a economia das plataformas uma das formas mais visíveis da revolução tecno-digital. De um lado, os arranjos políticos convencionais do velho estado-silo, do outro, a desmaterialização e a digitalização das relações entre o estado e os cidadãos. Como é que estas duas velocidades coabitam e se conciliam? Vejamos alguns aspetos do problema.

Em primeiro lugar, e perante a Grande Transformação Tecno-Digital, não se trata, apenas, de converter um estado-informático num estado-digital, mas de converter uma cultura organizacional hierárquica e vertical, o estado-silo, numa cultura organizacional em rede colaborativa de cocriação e cogestão, o estado-plataforma. Com efeito, o que aqui sugerimos é uma alteração profunda no sistema de valores e na cultura política do estado-administração, sabendo nós que o estado central, o estado local e o estado social são os pilares essenciais do velho estado clientelar do século XX e, desde logo, as principais fontes de alimentação do sistema político-partidário ainda vigente.

Em segundo lugar, a revolução digital põe em causa não apenas a intermediação económica e comercial, mas, a prazo breve, também, a intermediação política e a fonte de legitimação democrática e representativa tal como nós a conhecemos nas sociedades ocidentais, razões mais do que suficientes para que o conservadorismo político-partidário tome as medidas defensivas e cautelares que se justificam nesta conjuntura de........

© Observador


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