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Uma questão de justiça

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07.05.2025

Em julho de 2022, a Assembleia Geral das Nações Unidas definiu como um direito humano o acesso a um meio ambiente limpo, saudável e sustentável. Apesar da força simbólica desse marco, a interação profunda entre as alterações climáticas e a sociedade civil ainda não parece ser clara ou relevante para muitos – e é ofuscada pelas pautas anti-clima que ganham força no debate político. Por isso, tentarei esclarecer parte dessa ligação, sobretudo como ela está intimamente associada a dois aspectos da justiça.

Em primeiro lugar, há uma discrepância danosa entre quem mais contribui para as alterações climáticas e quem é mais afetado por ela.

A nível global, entre diferentes países e até mesmo regiões, é díspar a emissão de gases de efeito estufa, seja pela exploração intensiva de combustíveis fósseis, pela expansão de atividades industriais ou pelas alterações no uso do solo. Segundo dados do Global Carbon Budget, quase 90% das emissões cumulativas de dióxido de carbono, desde 1850, foram originadas nos países de renda alta e média-alta – solidificando a sua maior responsabilidade por esta ameaça.

Ainda assim, mesmo se reduzirmos a escala de observações para indivíduos, os resultados continuam extremamente desiguais. Uma das formas mais claras de ilustrar este ponto é utilizando o caso reportado pela

© Observador