O PS, a imigração e a guerra das ideias
O PS descobriu que, afinal, a imigração em Portugal é mesmo um problema. Depois de anos a acusar quem ousasse sequer levantar a questão de ser de “extrema-direita” e “racista”, o PS vem agora pela voz do seu secretário-geral Pedro Nuno Santos reconhecer em entrevista ao Expresso, que Portugal afinal não estava preparado para receber tantos imigrantes. Mais: o líder do PS defende agora que Portugal “tem de ser exigente” com o respeito pelos seus “valores”, destacando o “respeito pelas mulheres” e afirma não querer regressar ao regime da “manifestação de interesse”.
Estas declarações de Pedro Nuno Santos são, sem dúvida, sensatas. Mas são também notáveis considerando que foram precisamente governos liderados pelo PS os principais responsáveis pelo problema – com destaque para o desastroso regime da “manifestação de interesse”. O PS reconhece agora não só que a imigração descontrolada dos últimos anos constitui uma pressão sobre os serviços sociais mas vai mais longe e realça a necessidade de integração e respeito pela cultura portuguesa por parte dos imigrantes.
Sem surpresa, estas declarações geraram reacções indignadas à esquerda. Não só por parte da extrema-esquerda mas também junto da oposição interna à liderança de Pedro Nuno Santos. Houve até no interior do próprio PS quem tenha ido ao ponto de acusar Pedro Nuno Santos de se estar a aproximar do discurso da extrema-direita. O que talvez não deva constituir surpresa: a definição de “extrema-direita” foi sendo progressivamente tão alargada que era apenas uma questão de tempo até englobar o próprio líder do Partido Socialista.
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