Desde a substituição de Joe Biden por Kamala Harris, a campanha presidencial de Trump parece francamente desorientada. Desde logo por continuar a dedicar demasiado tempo a Biden, mas também pelo enfoque numa sucessão de ataques pessoais contra Kamala Harris que só tenderão a beneficiar a candidata Democrata. Da mesma forma que os processos judiciais lançados contra Trump ajudaram à sua vitimização e foram muito provavelmente uma ajuda decisiva para derrotar Ron DeSantis nas primárias do Partido Republicano (os mais cínicos dirão mesmo que foi esse o objetivo principal da ofensiva judicial), os repetidos ataques pessoais contra Kamala facilitam também um processo de vitimização com amplo potencial eleitoral para os Democratas, em especial junto do eleitorado feminino.
Alguns desses ataques são simplesmente absurdos, como as acusações ou sugestões de que Kamala Harris não é “verdadeiramente” ou “suficientemente” negra. Com um pai de origem jamaicana e uma mãe de origem indiana, Kamala tem, como muitos milhões de eleitores nos EUA, origens multirraciais. Uma característica que aliás partilha também com os filhos do candidato Republicano a Vice-Presidente JD Vance, casado com Usha Chilukuri, de origem indiana (para desespero de alguns felizmente ultra-minoritários verdadeiros racistas, que são incapazes de o apoiar por essa razão).
Como é igualmente absurdo continuar a dedicar tanto tempo e atenção a atacar Biden ao mesmo tempo que se alega que Kamala beneficiou de um alegado golpe interno........