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Uma escuridão que nunca se acende

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02.05.2025

E veio o dia em que a luz se foi. Depressa, na minha ultra-rápida cabeça contemporânea, passei de achar que uma lâmpada tinha, simplesmente, fundido e trocado por outra que, raisparta, também não funcionava, já depois de ter partido ainda outra pelo caminho e amaldiçoado as manhãs de segunda-feira, para a consciência de que o corte era generalizado e, enfim, chegado o apocalipse e como me arrependia de não ter aproveitado e agradecido, devidamente, aquele tempo remoto em que o mundo era um sítio normal, sem pandemias, nem invasões, nem catástrofes naturais todas as estações, nem colapsos da rede energética. Talvez vejamos demasiados filmes, mas de uma triste coisa, leitor, pode ter a certeza: Putin já ganhou. Nem precisa de se mexer para que todos o temam. Não precisa de sair de Moscovo para que vejamos a sua sombra em toda a parte, a puxar todos os cordelinhos ou a cortar os fios, consoante o apetite da manobra.

Como tantos outros passageiros desta ibérica jangada de pedra, reteve o escriba na retina deste histórico 28 de Abril a estranha facilidade com que se instala, no século XXI, a impressão do caos. Os paralelos com os dias da COVID foram imediatos, os semáforos apagados a transformarem o trânsito de Lisboa (no caso) em Mumbai, como se já ninguém se lembrasse da regra da prioridade ou fosse assunto do grau de complexidade da mecânica quântica. A corrida aos supermercados, outra vez, para levar todo o papel higiénico, garrafões de água e latas de conserva do Hemisfério. As teorias sobre as causas a saírem mais rápido que farturas quentes em dia de feira. A........

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