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Eu, Calígula

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31.10.2024

Quando quero pensar que já estivemos pior do que hoje, penso que, um dia, Calígula nomeou senador o próprio cavalo. E mesmo assim, o mundo continuou. Ainda não estamos aí, digo com os meus botões; malgrado todas as coisas absurdas que Trump fez ou ameaçou fazer, ainda não lhe ocorreu nomear o cavalo para o Senado. Mas só ultimamente me dei conta: Trump não é Calígula; nós é que somos. Trump é o cavalo; e nós já o nomeámos senador. Pior: imperador. E preparamo-nos para o voltar a fazer. Eventualmente, vitalício.

O que quer que aconteça nas eleições presidenciais americanas do próximo dia 5, já perdemos. E continuo a tomar a liberdade de usar o plural majestático porque nele estou a incluir, não os apoiantes dos democratas, mas os apoiantes da democracia, incluindo os milhões que não se querem convencer de que estão a apoiar a sua própria extinção. E já perdemos porque, mesmo que Kamala Harris ganhe, ganhará por poucos. Porque, pelos vistos, dez anos depois do aparecimento de Trump na corrida ao lugar de pessoa mais poderosa do mundo, o sistema democrático continua........

© Observador


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