Era encostar-nos todos à parede
Escrevo na sexta. No Sábado de tarde haverá uma manifestação no Martim Moniz. O lema da manifestação, organizada e participada exactamente por quem vocês estão a pensar, é “Não nos encostem à parede”. Julgo que alguns dos manifestantes nem precisarão de se deslocar até ao Martim Moniz: aparentemente, ainda não saíram de lá desde que, em 19 de Dezembro, um grupo de polícias encostou de facto duas dúzias de sujeitos à parede e apreendeu uma pequena quantidade de armas, drogas, produtos roubados e artigos contrafeitos, além de um par de cidadãos procurados ou suspeitos.
Políticos de esquerda, “jornalistas” de esquerda e outras criaturas naturalmente de esquerda e relativamente públicas andam há quase um mês a divulgar nas “redes sociais” fotografias deles próprios em visita turística à popular praça, incluindo “selfies” junto da população residente, assaz evocativas dos retratos em que os colonos de África posavam ao lado dos nativos. Uns tantos, a fim de exibir propensão extra pela multiculturalidade, mostram-se a sorrir de inexcedível satisfação nos restaurantes locais. E se é agradável descobrir parceiros de devoção pelo caril e pelo piripíri, as especiarias supremas, receio que nem todos possuam estômagos habilitados.
Os multiculturalistas que, por dificuldades de agenda, geografia, vontade ou digestão, não foram ao Martim Moniz em carne e osso, pairam por lá em espírito. Distraídos do “genocídio” em Gaza, não param de falar da........
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