As expectativas eram altas. Há cerca de um ano atrás muitos esperavam um avanço significativo do exército ucraniano face ao exército russo e, consequentemente, uma recuperação substancial de território perdido, pelo menos na frente sul. Os mais optimistas diziam que a ofensiva seria tão tremenda que a própria Crimeia seria senão recuperada, pelo menos metida numa situação de alta tensão.
Nem todos partilhavam este optimismo, mas muitos permaneceram silenciosos, dizer que a possibilidade de sucesso da operação era fraca transformá-los-ia automaticamente em derrotistas ou, ainda pior, em propagandistas pró-russos. Assim, pelo menos na arena informacional, tudo apontava para um estilhaçamento da linha defensiva russa e para uma progressão imparável das forças ucranianas. A frieza de uma análise objectiva esteve ausente e os mais diversos comentadores dissertavam mais sobre os seus desejos do que sobre as relações de força presentes no campo de batalha.
A estratégia comunicacional da Ucrânia e dos seus aliados é hoje distinta. De um extremo chegamos a outro, o exército ucraniano estaria às portas do colapso. Esta nova narrativa vai fazendo o seu caminho há semanas, em alguns círculos podemos mesmo dizer meses. Ela tem dois objectivos principais: alarmar os aliados da Ucrânia para que estes abram – ainda mais – os cordões à bolsa e induzir a Rússia a lançar-se para fora de pé.
Quanto ao primeiro. A Alemanha, quiçá a segunda maior vítima da invasão russa, permanece reticente quanto ao envio dos badalados mísseis taurus. Já em 2024 Olaf Scholz acabou por confessar que esses mísseis não poderiam ser enviados pois necessitariam de um apoio bastante significativo do exército alemão, dando a entender que esse apoio é fornecido por britânicos – quanto aos storm shadow –........