Do Nepal ao Alentejo: a força invisível da hotelaria |
A comunidade nepalesa é hoje uma das colunas da hotelaria portuguesa. Vieram com sonhos e coragem, enfrentam burocracias e desafios e ajudam a manter viva uma parte essencial da nossa restauração e hospitalidade. A integração não é automática, mas quando existe, todos ganhamos.
A hotelaria portuguesa mudou silenciosamente nos últimos anos. Hoje, a comunidade nepalesa, é essencial para hotéis, restaurantes e resorts, trazendo dedicação, multiculturalidade e resiliência. Mas esta história de superação e integração ainda é pouco conhecida.
Sou chef executivo de um resort na região da Comporta e vejo todos os dias homens e mulheres do Nepal a transformar o nosso trabalho. Muitos chegaram com apenas 18 ou 19 anos, vindos de aldeias recônditas, carregando desejos e uma vontade imensa de aprender. Vieram ajudar a família e tentar uma vida melhor. Deixaram para trás filhos, irmãos, pais e avós que provavelmente nunca mais voltarão a ver.
A maioria não teve acesso à cultura ocidental — não conhecem os Beatles, nunca ouviram falar de Picasso, nem tiveram contacto com o Harry Potter ou com o universo da Marvel. Chegam com pureza de espírito, sem preconceito, e muitas vezes não entendem o conceito de racismo ou xenofobia. Quando se deparam com julgamentos ou discriminação, surge incompreensão e frustração. Mas o objetivo continua claro: construir uma vida digna........