Protestantes em Portugal: entre a verdade e a caricatura

Nos últimos dias, a velha desconfiança contra o protestantismo português (e em Portugal) voltou a ganhar voz, reacendida pela notícia de que a Hillsong Portugal recebeu apoio financeiro da Câmara Municipal de Loures. A manchete e o discurso público e politizado que se seguiu repetiram o mesmo guião gasto, a insinuação de que igrejas evangélicas vivem de manipular fiéis para enriquecimento próprio.

A acusação é sempre mais sedutora do que a verificação dos factos, e a narrativa mediática sabe que o protestante é um alvo fácil, por ser minoria, pouco compreendido e historicamente carregado de preconceito. O que muitos ignoraram, ou preferiram omitir, foi a explicação oficial dada pela própria Hillsong e confirmada pela Aliança Evangélica Portuguesa: o apoio não foi um subsídio para culto ou luxo pastoral, mas uma verba fundamentada pelo trabalho social da igreja na comunidade.

A mesma notícia mencionava um apoio muito superior dado a outro templo, mas curiosamente nem a esquerda radical nem a direita radical se indignaram. Quando o visado é um evangélico, a suspeita não precisa de provas. Para os cristãos conscientes, este episódio é mais um lembrete de que nenhum partido, por mais conservador que se apresente, substitui a Igreja de Deus nos valores bíblicos. O caso é a meu ver especialmente revelador, já que muitos dos ataques vieram de militantes e dirigentes do Chega, um........

© Observador